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Reciclagem com catadores gera até 10 vezes mais empregos que aterros
Enquanto o mundo busca soluções para a crise climática, o trabalho de catadoras e catadores de materiais recicláveis segue invisibilizado. Há uma crença de que para lidar com os resíduos é preciso apostar em modelos de grande escala, mas um estudo inédito revela que sistemas descentralizados, como os realizados por cooperativas de catadoras e catadores, demonstram menor custo por tonelada de resíduos processados, além de maior eficiência operacional.
Fonte: https://ciclovivo.com.br/planeta/desenvolvimento/reciclagem-com-catadores-gera-ate-10-vezes-mais-empregos-que-aterros/
Para download do estudo: http://www.cogere.uerj.br/publicacoes.php
Reciclagem com catadores gera até 10 vezes mais empregos que aterros
Enquanto o mundo busca soluções para a crise climática, o trabalho de catadoras e catadores de materiais recicláveis segue invisibilizado. Há uma crença de que para lidar com os resíduos é preciso apostar em modelos de grande escala, mas um estudo inédito revela que sistemas descentralizados, como os realizados por cooperativas de catadoras e catadores, demonstram menor custo por tonelada de resíduos processados, além de maior eficiência operacional.

Intitulada “Financial Analysis of Solid Waste Management Business Models: Case Studies in Indonesia and Brazil”, a pesquisa, realizada pela Climate Policy Initiative (CPI) e lançada nesta semana, analisou sistemas de gestão de resíduos no Brasil e na Indonésia.

O levantamento traz dados inéditos sobre a sustentabilidade econômica e financeira de modelos de gestão de resíduos, incluindo casos brasileiros coletados com apoio do Instituto Pólis. Um dos destaques é justamente derrubar um mito do setor: ao contrário do que se imagina, modelos de grande escala podem apresentar custos operacionais mais altos, devido à complexidade e à logística envolvida.Dados recentes do Atlas Brasileiro da Reciclagem e do Sistema Nacional de Informações do Saneamento Básico (SINISA) reforçam a relevância do setor: são 2.092 cooperativas e associações de catadores em atividade em 1.630 municípios, reunindo 37.786 catadores associados, além de 22.428 trabalhadores informais.

Resíduos compostáveis
O Instituto Pólis, que, por meio da iniciativa Brasil Composta Cultiva, tem promovido uma série de ações voltadas à gestão dos resíduos orgânicos nos municípios brasileiros, reforça o papel da compostagem neste tema. A decomposição do chamado “lixo” orgânico nas cidades se mostra uma solução urgente e viável no Brasil, uma vez que quase metade dos resíduos sólidos urbanos é composta por matéria orgânica.Outro ponto interessante é que, segundo pesquisa global encomendada pelo Global Methane Hub (GMH), o Brasil lidera mundialmente o apoio à ação contra o metano, com 90% da população defendendo medidas obrigatórias de separação de resíduos (incluindo os orgânicos) e a redução do envio desses resíduos para aterros sanitários.“O crescimento da compostagem no Brasil é expressivo, mas ainda recebe pouco apoio se comparado aos aterros sanitários. Apenas entre 2022 e 2023, o número de unidades de compostagem no país cresceu 55%, passando de 76 para 118. Este é um caminho com enorme potencial de geração de empregos – de cinco a dez vezes mais postos por tonelada tratada do que o aterro – e de combate às mudanças climáticas”, afirma Victor Argentino, coordenador de projetos da equipe de resíduos sólidos do Instituto Pólis.

Catadoras e catadores na linha de frente da compostagem
Diversas cooperativas de catadores já operam sistemas de compostagem bem-sucedidos em todo o Brasil. É o caso da CooperCicli, em Caetité (BA); da Recicla Jacobina, em Jacobina (BA); da VerdeCoop, que atua na Costa dos Coqueiros, com operação em Porto de Sauípe; da CooperCicla, em Santa Cecília do Sul (RS), que atende mais de 20 municípios; da ACAMARTI, em Tibagi (PR) e da CooperSul, em Poços de Caldas (MG), entre outras iniciativas.

Vale ressaltar que a compostagem, além de ambientalmente eficiente, é uma tecnologia social, reconhecida como tal pelo programa Pró-Catador (Decreto Nº 11.414/2023). Quando realizada por organizações de catadores, ela promove geração de trabalho, renda, cidadania e redução das emissões de gases de efeito estufa.“Os catadores já são responsáveis por cerca de 90% de toda reciclagem de resíduos secos no país. Incluir os resíduos orgânicos nesse ciclo amplia a autonomia dessas organizações, reduz a dependência do mercado de recicláveis e fortalece a segurança econômica dos trabalhadores e trabalhadoras”, reforça Argentino.

Além dos benefícios sociais, a compostagem liderada pelos catadores oferece às cidades uma solução de baixo custo, com flexibilidade e escalabilidade. O modelo permite que prefeituras contratem diretamente as cooperativas, conforme previsto na Lei Federal nº 14.133/2021, estimulando a economia local e a inclusão produtiva.
Por meio da iniciativa Brasil Composta Cultiva, o Instituto Pólis visa reduzir o envio de resíduos orgânicos urbanos para aterros e lixões, ampliar sua reciclagem, mitigar emissões de metano e gases de efeito estufa, e fortalecer iniciativas de compostagem municipal em larga escala.“A compostagem realizada com catadores representa uma oportunidade estratégica para ampliar a reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil. Ao integrá-los nesse processo, é possível promover uma transição justa na gestão de resíduos, com benefícios socioambientais relevantes”, afirma Argentino. “Além de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, a compostagem com participação ativa desses trabalhadores pode gerar de 5 a 10 vezes mais empregos do que os modelos tradicionais baseados em aterros sanitários e lixões”, conclui.
Link para o estudo: https://www.climatepolicyinitiative.org/wp-content/uploads/2025/06/Financial-Analysis-of-Solid-Waste-Management-Business-Models.pdf

Índice de Progesso social IPS Brasil 2025
O Índice de Progresso Social (IPS) é uma ferramenta que mede o desempenho social e ambiental de territórios em todas as geografias (países, estados, municípios e até comunidades). O IPS é um índice desenvolvido pela organização internacional Social Progress Imperative (SPI). Ele permite comparar municípios, estados e regiões.
Link Para baixar o relatório 2025: https://fly.storage.tigris.dev/small-sky-6309/reports/d07e41c7-c86a-430b-a9be-eb839ffd2097/IPS%20Brasil%202025%20-%20Digital.pdf
Ver também video em: https://www.instagram.com/p/DKPqsOltf0Y/
Índice de Progesso social IPS Brasil 2025
O Índice de Progresso Social (IPS) é uma ferramenta que mede o desempenho social e ambiental de territórios em todas as geografias (países, estados, municípios e até comunidades). O IPS é um índice desenvolvido pela organização internacional Social Progress Imperative (SPI), a qual coordena a publicação anual do IPS para 170 países desde 2014. Além disso, há também iniciativas de elaboração de IPS em escala subnacional na União Europeia e em diferentes países como México, Índia, Estados Unidos da América e Reino Unido. Essas iniciativas tiveram como referência o IPS Amazônia desenvolvido de forma pioneira pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) desde 2014. Em 2024, novamente sob liderança do Imazon, o IPS Brasil tornou-se a maior iniciativa já realizada no mundo para a geração do índice em escala subnacional.
O IPS Brasil 2025 é o segundo relatório lançado (o primeiro foi em 2024) abrangendo todos os 5.570 municípios brasileiros, para os 26 estados e o Distrito Federal. O IPS Brasil é atualizado anualmente para que seja possível comparar o desempenho socioambiental dos municípios ao longo do tempo. Medir a situação social de municípios numa frequência anual é essencial para captar mudanças e tendências e contribuir para o aperfeiçoamento de políticas públicas e a melhoria da gestão pública local.
O IPS surge para complementar medidas de desenvolvimento econômico, pois apenas o crescimento econômico sem progresso social pode resultar em degradação ambiental, aumento da desigualdade e conflitos sociais. O IPS mede diretamente resultados finalísticos e tem sido usado para o planejamento, avaliação de programas e aperfeiçoamento de políticas públicas. O índice também serve de bússola para orientar os investimentos sociais privados nos municípios.
IPS Brasil 2025 é composto por 57 indicadores sociais e ambientais oriundos de fontes públicas. Esses indicadores foram agregados em um índice geral com nota de 0 a 100. Por sua vez, esse índice geral está dividido em índices para três dimensões do progresso social (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades), e 12 componentes dentro das dimensões (Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, Água e Saneamento, Moradia, Segurança Pessoal, Acesso ao Conhecimento Básico, Acesso à Informação e Comunicação, Saúde e Bem-estar, Qualidade do Meio Ambiente, Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolha, Inclusão Social e Acesso à Educação Superior).
O IPS Brasil reflete a diversidade de um país de dimensão continental, ao revelar a sua situação socioambiental em escala municipal. O Brasil, 5º maior país do mundo, é organizado em uma federação composta por 26 estados, Distrito Federal e 5.570 municípios. De acordo com a Estimativas da População (EstimaPop) de 2024 do IBGE, a população brasileira soma aproximadamente 212,6 milhões de habitantes. O município é a menor unidade administrativa, a qual possui autonomia política, administrativa e financeira. A esfera municipal possui competências importantes como saneamento básico, pavimentação e sinalização de vias e de toda a estrutura viária, criação e conservação de praças e arborização, transporte urbano e iluminação pública. O município também reparte com outras esferas federativas (estados e União) os serviços de educação, saúde e meio ambiente.
Entre os principais resultados da pesquisa, destacamos:
• O Brasil atingiu uma pontuação média (61,96) numa escala que vai de 0 a 100.
• Entre as dimensões do IPS Brasil 2025, Necessidades Humanas Básicas alcançou a melhor pontuação geral média (74,79). Já Fundamentos do Bem-estar atingiu nota 65,02, enquanto Oportunidades apresentou o pior resultado (46,07).
• Dos 12 componentes do IPS Brasil 2025, Moradia teve a pontuação média mais alta (87,74) e mais da metade apresentou um índice médio inferior a 60. Os piores resultados foram na dimensão de Oportunidades: Direitos Individuais (32,41), Acesso à Educação Superior (47,39) e Inclusão Social (47,21).
• Amazônia Legal apresenta a pior nota do componente Qualidade do Meio Ambiente. Isso devido principalmente ao desmatamento acumulado e à concentração de emissões associadas de Gases de Efeito Estufa (GEE).
• O componente Saúde e Bem-estar demonstra fragilidades especialmente nas regiões mais ricas do Brasil como Sul e Sudeste, expressas pelas taxas elevadas de obesidade, suicídio e mortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT (como doenças no aparelho circulatório, neoplasias, diabetes e doenças respiratórias).
•O componente de Inclusão Social revela um país carente em paridade de gênero e negros nas câmaras municipais e altos índices de violências contra minorias, ao mesmo tempo que destaca parte da região Nordeste com melhores resultados.
• Os municípios brasileiros foram classificados em nove grupos (Tiers), que podem ser vistos no mapa nacional com as cores azul, amarelo e vermelho:
▶ Grupo 1 (azul escuro no mapa), com melhores resultados: 358 municípios.
▶ Grupo 2 (azul médio): 772 municípios.
▶ Grupo 3 (azul claro): 839 municípios.
▶ Grupo 4 (amarelo claro): 883 municípios.
▶ Grupo 5 (amarelo escuro): 932 municípios.
▶ Grupo 6 (laranja claro): 801 municípios.
▶ Grupo 7 (laranja escuro): 612 municípios.
▶ Grupo 8 (vermelho claro): 328 municípios.
▶ Grupo 9 (vermelho escuro), com os piores resultados: 95 municípios.
• O grupo 1 compreendeu a maioria das capitais e boa parte dos municípios mais populosos (>200 mil habitantes). Por outro lado, municípios nos piores grupos em geral apresentavam baixa densidade demográfica e estavam distantes dos grandes centros urbanos.

Fonte: https://imazon.org.br/indice_de_progresso_social_brasil_2025/

Governo Brasileiro lançou o Plano Nacional de Economia Circular para 2025-2034
Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC) tem como finalidade promover a transição do modelo econômico de produção e consumo linear para uma Economia Circular, de modo a incentivar o uso eficiente dos recursos naturais e das práticas sustentáveis ao longo das cadeias produtivas.
A Estratégia é pautada em três princípios universais: 1) não geração de resíduos e poluição, 2) circulação de materiais e produtos em seus mais altos valores pelo maior tempo possível e 3) regeneração da natureza, permeada pelo conceito de redesenho circular da produção.
Link para baixar o documento: https://drive.google.com/file/d/13ssF8gtqjwKk454EhCF-gQpr4W2gMjcM/view
Governo Brasileiro lançou o Plano Nacional de Economia Circular para 2025-2034
Apresentação:
A Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC) tem como finalidade promover a transição do modelo econômico de produção e consumo linear para uma Economia Circular, de modo a incentivar o uso eficiente dos recursos naturais e das práticas sustentáveis ao longo das cadeias produtivas.
A Estratégia é pautada em três princípios universais: 1) não geração de resíduos e poluição, 2) circulação de materiais e produtos em seus mais altos valores pelo maior tempo possível e 3) regeneração da natureza, permeada pelo conceito de redesenho circular da produção. Esses princípios orientam a ENEC, que também incorpora a premissa da justiça social, visando assegurar uma transição justa, inclusiva e equitativa, com geração de empregos decentes e que aborde disparidades de gênero, de raça, de etnia e socioeconômica.
A ENEC será implementada por meio deste Plano Nacional de Economia Circular (PLANEC), que foi elaborado, discutido e aprovado pelos membros do Fórum Nacional de Economia Circular e submetido à consulta pública, etapa crucial que fortaleceu e enriqueceu o debate sobre o tema de forma democrática e com transparência.
O modelo de produção e consumo linear, hoje vigente, é baseado na mentalidade de “extrair, produzir, consumir, descartar", que não considera de forma adequada as externalidades negativas geradas ao longo do processo de extração de recursos, produção, consumo e fim de vida dos produtos, e tampouco considera a
capacidade de regeneração dos ecossistemas e os limites que impõem.
De acordo com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), atualmente o mundo enfrenta três grandes crises ambientais, que estão interconectadas, quais sejam: mudanças climáticas, perda de natureza e de biodiversidade, e aumento da poluição e dos resíduos [1]. Esse cenário já afeta a economia e a sociedade, e a tendência é que se agrave, caso seja mantida a forma e o ritmo de extração, produção e consumo atuais.
A adoção de uma Economia Circular representa a transição para um sistema econômico de produção e consumo sustentáveis, que endereça os desafios associados às dimensões econômica, ambiental e social.
Dentre os benefícios advindos dessa transição, estima-se que a adoção da Economia Circular na região da América Latina e Caribe tem o potencial de gerar 8,8 milhões de novos empregos formais [3], ao tempo que reduz a dependência de recursos finitos e cria oportunidades de novos modelos de negócio circulares[3].Gera, ainda, a melhoria da qualidade ambiental, a redução das emissões de gases de efeito estufa, a redução de importação de matérias-primas, a criação de empregos com mais dignidade e renda, o estímulo à inovação e o aumento do bem-estar social [4].
Importante ressaltar que a transição para uma Economia Circular deve observar o princípio da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável de que “ninguém deve ser deixado para trás”, abrangendo a análise dos impactos sociais e integrando premissas que garantam uma transição justa, bem como
representatividade participativa efetiva na tomada de decisão quanto ao gerenciamento dos resíduos, assegurando o envolvimento de trabalhadores informais, em especial mulheres [5, 6].
Para ser eficaz, deve garantir a promoção de um diálogo contínuo entre todos os atores envolvidos para a construção de uma visão comum sobre seu significado [7], que reflita as necessidades, as prioridades e as realidades locais [6]. Nesse processo, é fundamental reconhecer o papel estratégico da indústria e do setor
produtivo, cuja participação ativa contribui para alinhar os objetivos da transição com as capacidades econômicas e tecnológicas dos territórios. O processo de transição justa deve assegurar a integração da equidade, da inclusão e do respeito aos direitos humanos no desenvolvimento de políticas públicas [6].
Os atores sociais mais envolvidos de forma direta com a transição rumo à Economia Circular, como catadoras e catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, trabalhadoras e trabalhadores de negócios de economia
compartilhada, de reparo e reuso, e comunidades ligadas a manejos regenerativos, devem participar e ter voz nas diversas etapas de sua construção e implementação. É relevante que tenham consciência de sua importância no novo modelo econômico, tenham acesso à formação para desenvolvimento de novas habilidades, fontes de financiamentos específicas em condições especiais, e tenham garantida remuneração justa pelo trabalho desempenhado [6].
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a transição para modelos econômicos sustentáveis pode tornar-se um forte impulsionador da criação e melhoria dos empregos, da justiça social e da erradicação da pobreza [8].
Nesse contexto, a ENEC impulsiona o Brasil a desempenhar o papel de potência ambiental global, referência na gestão de suas riquezas naturais, na produção e consumo sustentáveis, e na economia de baixo carbono, com justiça social e com valorização do conhecimento tradicional.
link para baixar: https://drive.google.com/file/d/13ssF8gtqjwKk454EhCF-gQpr4W2gMjcM/view
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